5 de dezembro de 2010

Gita - Raul Seixas ♪

"Às vezes você me pergunta por que é que eu sou tão calado, não falo de amor quase nada, nem fico sorrindo ao teu lado. Você pensa em mim toda hora. Me come, me cospe, me deixa. Talvez você não entenda, mas hoje eu vou lhe mostrar. — Eu sou a luz das estrelas; eu sou a cor do luar; eu sou as coisas da vida; eu sou o medo de amar; eu sou o seu sacrifício; a placa de contra-mão; eu sou a vela que acende; eu sou a luz que se apaga; eu sou a beira do abismo; eu sou o tudo e o nada. — Por que você me pergunta? perguntas não vão lhe mostrar que eu sou feito da terra, do fogo, da água e do ar! Você me tem todo dia, mas não sabe se é bom ou ruim, mas saiba que eu estou em você, mas você não está em mim. — das telhas eu sou o telhado; da pesca do pescador; a letra "A" tem meu nome; dos sonhos eu sou o amor; eu sou a dona de casa; nos pegue pagues do mundo; eu sou a mão do carrasco; sou raso, largo, profundo; eu sou a mosca da sopa e o dente do tubarão; eu sou os olhos do cego e a cegueira da visão. Eu! mas eu sou o amargo da língua, a mãe, o pai e o avô; o filho que ainda não veio; o início, o fim e o meio. O início, o fim e o meio. Eu sou o início. O fim e o meio. Eu sou o medo do fraco; a força da imaginação; o blefe do jogador. Eu sou! Eu fui! Eu vou!"