29 de junho de 2010

Pensamentos soltos traduzido em palavras.

   Isso não é sobre um texto criativo. É sobre a sinceridade de palavras vomitadas.
  Nessa madrugada sigo acompanhada pela insônia, mergulhada, mais uma vez, em pensamentos soltos, sem nenhuma coerência. E mesmo havendo muito a dizer, não consigo. Deixando bem claro que não se trata de criatividade, somente de conexão de idéias.
   Um café agora por mim tudo bem, para quem sabe sustentar minha companhia ou deixá-la mais a vontade, não sei. Cafeína por cafeína, vou de Coca-cola. Com quatro cubos de gelo de preferência! Mesmo estando no limite da indecisão - mas me diga qual é o limite e quem mediu? -,  prefiro algo que congele ao quente do café. Frio combina melhor com o meu estado. 
   Se quer saber, já magoei, já fui magoada, mas não guardo mágoa, não sinto rancor. Não sinto mais nada, tudo foi entorpecido pelo frio. Perdoar, não esquecer! E no fundo eu sei que o coração da vida é bom.
   Está tarde! Então que vá embora a minha companhia, que vá embora você e, deixe-me aqui vivendo do ócio por alguns minutos ou horas.  Mas antes de ir, traga-me mais gelo e não se esqueça de fechar a porta.

16 de junho de 2010

Matar, eu matei, mas voltou!


   Gostaria de viver de novo todos os momentos, não só os momentos, mas principalmente viver junto àquelas pessoas. Queria que elas voltassem, assim como você voltou.
   Quando tudo se foi, você veio me confortar e por culpa sua me veio todos os cheiros e rostos, gostos e manias. Veio consigo a angústia, a tristeza, a dor que não foi pouca.  Doeu, rasgou, sangrou mesmo não havendo sangue. Também curou... Mas a cicatriz sempre reabre.
   Já não tenho condições e nem quero mais te acomodar. Dá próxima vez que vier, acomode-se no tapete, do lado de fora da minha vida. Será um incomodo, certamente, mas ao menos não me deixará em pedaços. E se o Acaso me perguntar de você, direi que está bem obrigada, mas sem a nostalgia, que sentiria anos atrás, do tempo que passamos juntos. De tanto querer te matar, acabei ficando presa à você, mas por favor, Saudade, não tente mais entrar.

Ps.: Recentemente, uma pesquisa entre tradutores britânicos apontou a palavra "saudade" como a sétima palavra de mais difícil tradução.

3 de junho de 2010

Cadê a sobremesa?


 
   Sempre gostei de salgados. Os salgados sempre atraíram, não a mim, mas a meu apetite. Os doces eu sempre... Quase sempre. Os doces eu quase sempre evitei. Pensando bem, eu sempre tive medo de ter diabetes, não sei se é porque minha tia de quarto grau tinha, não sei se é porque tinha receio de nunca mais experimentar aqueles sonhos açucarados que minha falecida avó sempre fazia. Hoje minha avó não pode mais fazê-los. Hoje eu não posso mais comê-los. Mas sempre tive curiosidade de conhecer o sabor. Sei que eram deliciosos somente pelo barulho que meu irmão menor fazia a cada mordida dada. Hoje sinto a insaciável vontade dos sonhos, os quais eu nunca experimentei, pois os doces eu quase sempre evitei.
   O que me dói mais relembrar é Carolina. Nunca pude nem sequer tocar naquele doce, sempre tinha alguém que comprava o último da padaria. Talvez tenha sido culpa minha, não deveria ter sido tão severo comigo mesmo, tão disciplinado. Tão radical. Não fui como meu primo que, travesso como era, meteu o dedo e provou do chantilly da Carolina de outra pessoa. Eu não fiz igual, não sei se porque eu sempre preferi os salgados ou se porque eu sempre fui amargo demais para me dar ao luxo de provar daquele doce que continha sete colheres de açúcar.
   Muito sal. Muita pimenta. Muito ardor. É. Minha vida foi mesmo sem açúcar. Sem diabetes também, mas principalmente sem açúcar, nem uma gota de adoçante sequer. Agora, à beira dos oitenta, me sento à mesa, bebo uma cerveja, mas antes de pedir a conta, grito: hoje eu quero a sobremesa!
   Isso tudo depois de descobrir que aquela minha tia de quarto grau nunca teve diabetes, ela só era amarga, como fui também. Hoje não tenho mais sonhos, não tenho mais Carolina, mas aquele cubinho de açúcar resumiu o que poderia ter sido tudo aquilo que não foi.